Turistagem malemolente

Daí o ser humano vai pra "Capitar"

E como bom interiorano (tendo morado por alguns meses no meio do nada, a.k.a. cu do Judas), portou-se como um bom estereótipo do êxodo - primeiro, do país de origem, segundo da primeira cidade estrangeira que o acolheu, terceiro da noção.

Fotinho sorridente no matadouro? Check. Cervejinha onde mataram alguns muitos inimigos do "partido"? Check. Fotinho subindo em lugar probido, com pose de gatão num local que é feito pra se pensar nos horrores da guerra? Check. Comprar souvenir "pega turista"? Check.

Mais um pino no mapa, daí te pergunto: conhece a cidade? Nem sombra.

Olha o exemplo.... (eu e meus homônimos, parte 2)

Eis que hoje recebo um e-mail destinado a um outro ser humano que compartilha do mesmo nome que o meu. Já começo a conhecer meus homônimos pelas suas profissões: tem o advogado, de Minas Gerais - sei disso porque cansei de receber e-mails sobre "jogos jurídicos mineiros" e provas da faculdade - e tem o arquitecto, de Lisboa - para este, inclusive, já recebi de fotos de estruturas metálicas, convocações para reunião de pais e mestres na escola e até e-mails eróticos. Sério.

Desta vez foi o advogado.

Recebo, de alguém de um escritório de advocacia (Fulano & Beltrano Associados, pomposo como todo escritório desses normalmente é), um "printscreen" de um processo, com alguma parte importante destacada. Mas o que me chama atenção é a barra logo abaixo do título da janela, uma estrelinha colorida com os dizeres:

"Esta cópia do Microsoft Office não é original. Saiba mais online..."

Minha resposta ao e-mail:

"Olá fulano. Infelizmente você enviou este e-mail para a pessoa errada.

Att,

PS.: Não pega mal para um escritório de advocacia utilizar software pirata?"

Aguardando resposta...

Olha, eu sei contar!

Daí você tem um pequeno trabalho para fazer, dentre tantos outros inúteis e sem sentido, para o seu grupo de Mestrado (que Odin o tenha, amém). Uma tarefa simples, de resumir algumas idéias num microtexto de até 500 caracteres.

Eis que a GÊNIA, este SER ILUMINADO, no AUGE das suas sinapses e na potência máxima de seu cérebro, envia o seguinte e-mail:

"Olá,

Eu fiz um pequeno experimento enquanto escrevia, para ajudar vocês. Isso é um texto de 500 caracteres:

[insira aqui um texto babaca cheio de erros de inglês]

Duas a três frases. No máximo quatro."

A resposta foi mais do que óbvia: "que lindo! você contou sozinha? Eu não seria capaz de contar por mim mesmo, obrigado por ser tão bondosa e inteligente!"

Eu acho incrível como as pessoas nivelam as outras de acordo com a sua própria capacidade mental.

Eu e meus homônimos

Quando eu nasci, minha mãe quis me encher de sobrenomes. Eu sempre ODIEI isso, e um dia perguntei a ela o porquê. A resposta: "para evitar problemas com homônimos".

Eis que, muitos anos depois eu sou obrigado a dizer "mãe, você estava - como sempre - certa".

Na verdade eu não chego a ter problemas de ordem séria com meus homônimos; minha relação com eles se restringe à internet, e me causa situações engraçadas.

Um dia eu recebo um e-mail completamente aleatório, me chamando de "irmão" e com uns papos meio tortos sobre "iluminação", "animais de poder", me chamando de "o branco sábio" e afins. O mais curioso foi notar que, no e-mail original, meu homônimo (agora também conhecido como "o branco sábio" colocou O PRÓPRIO ENDEREÇO DE E-MAIL ERRADO. MULA!

Mas a graça mesmo foi ler o e-mail que o dito enviou a esse guru da espiritualidade. Seguem alguns trechos, com os erros de português e tudo.

"Aqui é o Fulano do facebook (dreads/fotógrafo).. tudo bem?!?! Estou achando incrível seu 'blog'... é como se eu tivesse escrito muitas coisas, sua forma de ver Deus, de ver a vida, de ver o mundo, de se ver. Você é muito sábio, e faz juz ao nome iluminaty."

"ps2: eu fui iluminado em uma rave também... universo paralello... na virada do ano.. mas não por fatores externos.. foi o dia que literalmente a minha alma gritou, se libertou e fez juras ao 'cosmo'!"

ILUMINADO EM UMA RAVE? JURAS AO COSMO? ILUMINAT(I)Y? Ah, vá lavar uma pia de louça suja, soldar um portão, assentar uma laje... mas não vem encher minha caixa de e-mail com essas baboseiras New Age...

Os veículos irritados

“A cidade não suporta mais tantos veículos. Trânsito está um caos. Na rua tal os veículos nem estão respeitando mais o corredor dos ônibus. Eles se irritam porque o trânsito da via normal não flui”

No Facebook, escrito por um membro de uma família de três pessoas, dois carros e nenhuma bicicleta... que vai diariamente de carro trabalhar – sem dar carona pra ninguém, obviamente – porque não suporta pegar o ônibus lotado de “gente diferenciada”.

Ignorância a minha: o problema são os veículos, não os motoristas... ah tá!

Antes que eu me esqueça...
Pacifistas de rede social, militantes de timeline, filósofos do twitter: PRO INFERNO!

O Sari árabe

A mais moderninha da turma resolve promover um noite árabe no clube da cidade pra animar a galere...

Decora o ambiente com flores, incensos... coloca uma missanga colorida no meio da testa e sai de casa toda trabalhada no Sari...

No salão, espera ansiosa as dançarinas, seminuas, chacoalhando a buzanfa pro macharedo. Só faltava rolar a trilha sonora “esta é a mistura do Brasil com o Egito... Ali-babáaaaaaa”... porque a miscelânea cultural desvirtuada está completa.

Se a noite é árabe, em sua mais pura concepção, não estariam toda as mulheres de véu e as dançarinas de burca?

Preocupação maternal

Ai a pessoa se separa, depois de meia dúzia de anos de casamento e uma renca de filhos. Então tu pensas: puxa, será que todos ficarão bem, já que a fulana nunca trabalhou na vida e a única coisa em que é especialista é em procriar...

Os pensamentos de consternação são abruptamente interrompidos quando se percebe que a
única preocupação da tal pessoa é: mudar imediatamente o status do Facebook pra solteira e informar ao mundo que está na pista de novo...

Cada um com suas prioridades.

Doença mensal

Eu tenho quase certeza que, na cabeça de um bando de mulheres, estar menstruada é algo semelhante a doença... E a intensidade dos sintomas e queixas é inversamente proporcional à quantidade de neurônios...

- Oh, coitada de mim, que estou sangrando e acho que vou morrer!

Morra então e deixe Darwin se mostrar certo, mais uma vez...

Suco de batata

E tu convidas uma pessoa para um almoço “étnico”, digamos assim: feijoada de brasileiros no exterior, por exemplo... e o cidadão, gentil, pergunta o que precisa levar para o almoço. Tu respondes, educadamente, que a comida estará pronta, mas que ele pode trazer o que for beber, seja cerveja ou refrigerante.

E ai a pessoa aparece sem uma única garrafa e com uma caixinha de purê de batata e salsicha com chucrute.

EU DEVO ENFIAR ESSA GOROROBA NO TEU COPO, MANÉ? OU PREFERE VIRAR DE COSTAS PRA QUE EU RESOLVA ONDE ENFIAR A SALSICHA?

"Eu sei salar essanhol"

E ai então a pessoa vai passar uns dias na Espanha (mas podia ser na Argentina, no Chile e até no Paraguai) e volta, super entusiasmada com a sua habilidade de comunicação.

- Gente, eu nem sabia que eu sabia falar espanhol.

- Jura? Nossa, e como você conseguiu?

- É só falar em português com a língua meio pra fora da boca. Todo mundo entende!

É, os espanhóis devem ter uma condescendência elevada e se esforçam pra entender pessoas que aparentam tem problemas de ordem mental...

Ai, eu sou feliz!!!

Toda a mulher solteira, mais perto dos 40 do que dos 30, que fica colocando autorretratos em rede social e berrando aos quatro ventos: Fulana feliz! Fulana de bem com a vida... Ou deu na noite passada, ou esta duramente tentando convencer a si mesma que o vibrador é o namorado perfeito ou acabou de sair do médico com uma dose maior de fluoxetina...